A florista

desconhecida.
longe, recostada à cadeira
coberta pelo tronco
os olhos perdidos
num lugar inacessível
(só dela)

a florista sem flores
nas mãos outonais
fim de primavera
e início de solidão

nas roupas escuras
já o desejo de recolher
as folhas perdidas
no chão

e quem é que se perdeu
ao secar da última
flor?

e lá estão seus olhos
— não sua alma —
no passado informe
já descampado

a florista pensa
em voltear a cadeira
diluir-se
ao corredor distorcido
e sem flores
nem alma
partir.

a tinta não se move.


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