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diariamente leio sobre poetas críticos teóricos
do meu tempo e de outros em busca de respostas
mais que isso em busca de perguntas
que me tirem de onde estou
a linguagem é esse deslocar-se na geografia
dos mapas incompletos das palavras
de Alice, Marília ou Júlia
elas sempre sabem o que dizer na hora de dizer
quando perguntam sobre o que um poeta deve saber
elas sempre sabem:
uma vida interessante
a solidão do homem na linguagem
o ficar pensando e se perguntando se a poesia
é isso mesmo que se pensa dela
ou nela mesma
diariamente me pergunto se faz diferença
que eu cite uma poeta em meu poema
isso não o coloca em pé de igualdade,
aos pés de Ana C., ao pé do ouvido de Alice
nas palavras delas e nas minhas
sempre há o que sobra ou o que falta
um ar de que não veio o que se esperava
diariamente elas passam por meus olhos
e ficam numa imagem
que não consigo capturar
diariamente abro as notas do celular
e tento um poema
mas o cursor para
porque ele tem sempre que parar
diariamente

embora

então , quando eu tiver ido, ficarão as flores para você cuidar não saberá qual foi a última vez em que as reguei o tempo de cada uma seu br...