trânsito

o ônibus passa
e para.
da calçada, olhos
atravessam o vidro.
olhares bifurcados
insustentáveis em sua procura.

o vidro é uma armadura
reveste os ossos
improdutivos depois
das seis.

do lado de fora, o estrado
prolifera pernas e olhos
num espetáculo desastroso
de nunca chegar.

transito em passagens
nos recortes diários
de uma janela inorgânica.

2 comentários:

embora

então , quando eu tiver ido, ficarão as flores para você cuidar não saberá qual foi a última vez em que as reguei o tempo de cada uma seu br...